São as palavras do Papa Francisco dirigidas na exortação apostólica Christus Vivit, e por sinal, as que mais me chamam atenção. Sim, Cristo vive! A Ressurreição que nos tira dos nossos abismos e nos lança no abismo da liberdade e do amor de Deus, em Deus. Nos quer vivos porque é mesmo sua vontade, como um dia aconteceu na narrativa da viúva de Naim: “Jovem, eu te ordeno: levanta-te!”. Ela levantou e voltou a falar.
Se fizermos uma leitura mais detalhada da narrativa, vemos que a jovem levantou e quis levantar. E o autor ainda continua: “E começou a falar”. Já estava dada por morta, mas ressuscitou. A primeira certeza é a que nos faz lembrar que o amor de Deus e seus frutos nunca são impostos, mas propostos. E que aceitações diárias salvíficas são as que escolhemos fazer quando acolhemos e aceitamos o que o Senhor nos apresenta. “E começou a falar” foi a atitude daqueles que ressuscitam com o Crucificado. Quanta beleza...
O contexto já prediz o que a beleza da Ressurreição nos apresenta. Caro leitor, a morte foi vencida pela vida do justo e o novo tempo chegou para nós! Céus e terra foram recriados pelo poder e pela força da Ressurreição!
Um sinal visível da Ressurreição é a ruptura do silêncio e jejum quaresmal. Você e eu voltamos a ser livres no dia a dia para realizar os nossos hábitos de antes, comer o doce de antes ou fazer qualquer outra atividade que no início da quaresma nos comprometemos em abdicar. Mas muito mais que tudo isso, voltamos a ser livres de verdade, afinal, fomos libertados! E tal liberdade, hábito algum será capaz de nos devolver.
Que outra alegria podemos experimentar que não seja a da Ressurreição? Quem poderia nos roubar a alegria do domingo de Páscoa, o dia em que concretamente o Céu estava aberto para entrarmos? Lembremos: fomos ressuscitados e a partir daquele dia em que os panos de linho estavam no chão, o nosso homem velho também deveria ter caído por terra.
Não devemos nos revestir da máscara de homens velhos, aquele que diariamente quer renascer em nós. Somos livres, sim, mas agora nossa liberdade é outra: a liberdade daqueles que escolhem viver contemplando o clarão da aurora, e não o escuro das trevas. Somos nós chamados a lembrar, dia após dia, que somos filhos livres no Filho, e que, sim, foi Ele, o justo, que mudou radicalmente a história de toda a humanidade.
Mas o amor de Deus sempre nos dá acesso a uma vida nova, que necessariamente passa pela decisão diária. É a certeza de que ao abrir a janela do nosso interior, desejamos ver a luz do dia brilhando, não o estremecer da escravidão. E não existe mais escuro para nós, mesmo que um dia insistamos que não seja admitido. A Ressurreição é certeza, sim, mas torna-se proposta no ordinário de nossa vida: é o Ressuscitado que nos propõe a integridade da humanidade contemplada na Nele. E por sermos livres, decidimos acolher ou não. Resta-nos fazer a assertiva adesão à integridade que reproduz em nós frutos da identidade lançada no Céu.
O lado aberto nos faz sentir pulsar a alegria dos que creem Nele. Que alegria! É o Cristo vivo que nos quer vivos!
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