Algoritmos de redes sociais funcionam a todo instante, e de forma inusitada, eles se manifestam favoráveis àquilo que pensamos ou desejamos ter. Por exemplo, se penso em um conjunto de livros que tanto gostaria de comprar, não bastam segundos... o anúncio das lojas encontra-se nas minhas telas. E eles trabalham a todo tempo para nos tornar possível e acessível o desejo de possuir algum produto de forma prática e próxima.
Propositalmente, inicio o post de hoje fazendo a breve comparação para dizer que, sim, vivemos uma cultura do tumulto – sobre os méritos e continuidades deste tema, comentaremos numa outra oportunidade – que se manifesta de diversas formas. Mas, será que em meio aos tantos tumultos e poluições, sejam elas quais forem, também nos é possível a consciência de plenitude e liberdade? Glórias? Seguranças? Desejos? Esperanças?
“Mas como assim?”
Outro dia, me deparei com uma determinada situação que me fez refletir sobre algumas perspectivas. Dentre elas, a grande e notória diferença situada entre a mentalidade dos secularismos e a lógica de Cristo e seu Evangelho. Claro, nós já identificamos a distância entre as formas de viver, agir e pensar situada entre essa diferença há mais de milênios. Acontece que, nos últimos séculos, e darei uma atenção ao antecedente e o corrente, muito foi perdido.
Gostaria de chamar atenção para a falsa comunicação e como ela é bombardeada quanto aos aspectos dos sucessos e vitórias deste mundo. Como dito em parágrafos anteriores, não procuro me deter em aspectos aprofundados sobre as formas de viver do mundo meramente secular. Na verdade, gostaria de fazer saltar uma consciência que por vezes torna-se esquecida, e quando pior, não conhecida por todos.
Quantas incontáveis foram as vezes em que me deparei com partilhas que se tornavam distantes da verdade de Deus... Certa vez, de forma resumida, uma amiga comentava sobre a “sensação” de paz que sentia ao saber que estava em comunhão com a glória de Deus e que isso lhe era sinal de um frutuoso tempo. Por mais ação de graças que houvesse, ela não entendia bem o que era a glória de Deus. Quando concluía o diálogo, dizia que a tal sensação era resumida em um tempo de estabilidades, de “estar tudo bem” com ela, com as áreas de sua vida. Naquele dia, conversamos e ela entendeu que a glória de Deus não é estabilidade momentânea e parcial. Tem um sabor especial que somente a segurança da eternidade é capaz de nos fazer chegar perto!
Fora ela, são muitas outras pessoas que confundem a vitória sobre dificuldades nesta vida com estar unido à glória de Deus... a comunicação da glória de Deus que muitas vezes ouvimos falar não é essa, não. Se assim o fosse, a teologia e a espiritualidade que Deus nos dá seriam pobres, muito pobres, caso nos prometessem apenas as felicidades e gozos desta vida, parando no plano terrestre.
A glória de Deus nos separa dos falsos cofres de joias que encontramos no mundo, nos separa das circunstâncias naturais, nos separa dos falsos tesouros. A glória de Deus é outra! A glória de Deus que Jesus nos revela é a comunicação do Seu caminho de glória. E ele tem um sabor de eternidade que as realidades aqui não dimensionariam tão próximo à realidade...
Agora, caro leitor, salva este anúncio que precisa caminhar contigo durante toda a vida: o Crucificado, a quem amanhã celebraremos 50 dias após sua vitória gloriosa, apresenta o caminho de glória que é, sim, e não redundante, sua própria glória. Paixão, Morte e Ressurreição. Na solenidade da Ascensão do Senhor, vimos claramente nossa natureza unida à de Cristo pelos mistérios de Sua glória. E que grande mistério! Amanhã, de forma tão especial, atualizaremos o mistério grandioso da perfeita unidade com o Ressuscitado: o Espírito Santo virá sobre nós, Pentecostes acontecerá!
A promessa do Pai agora vai nos tornar claríssima a consciência de que Ele é condutor das nossas vidas, e que em meio a tantos desencontros, Ele é o perfeito encontro das almas pobres que se lançam em Suas mãos, humildes, pois reconhecem a necessidade de Deus, de Seu caminho de glória e de Sua vontade.
A eternidade, a união perfeita com a glória de Deus, lembra-nos que Seu estandarte é o amor, e que, por tal motivo, antecipa a beleza da esperança e da confiança que depositamos em Suas mãos, sejam quais forem as situações que atravessamos hoje.
Em meio ao mundo tumultuado que vivemos, encontramos mesmo a paz que não é nenhuma sensação, não é ausência de guerras, mas a esperança e a cumplicidade de estarmos na paz do Eterno.
Para finalizar, trago a lembrança da vida de santidade onde, de modo especial e por graça de Deus, tais homens fizeram experiências tão bonitas com a verdade sobre a unidade com as glórias de Cristo, conscientes de que não era fácil, mas que custava o tesouro mais encontrado em meio às bijuterias deste mundo. “Vários santos são vários homens, e comum entre eles, encontra-se um único Evangelho”, é o que diz o grande Ernest Hello, expoente católico do século XIX, e que nos torna viva a lembrança de que a unidade com Deus manifestada na busca por santidade não é distante, mas acontece todos os dias.
Que o Espírito imprima em nós o desejo de fazer das vontades de Deus também as nossas, e o mistério de Seu futuro também o nosso futuro e a nossa cumplicidade. Até a próxima!
Por Tatiane Medeiros
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